quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Cachoeira do Abade em Pirenópolis

Foto: Renfeldmann

Cachoeira do Abade - situada na fazenda Cabaçais, a 12km da cidade. Com uma queda livre de 21m, próxima às Minas do Abade, é possível se ter uma vista calmante para os olhos. Há camping e hospedagem rústica. O acesso é feito pela estrada dos pireneus, com placas indicativas.

Uma pequena história da cidade:

Em 1880 um francês esteve em Meia Ponte, antigo nome da cidade de Pirenópolis, à procura de ouro. Arguto minerador e tão bom empreendedor encontrou num morro da Serra dos Pireneus, local ideal para realizar sua almejada empreita. Comprou a fazenda e em pouco tempo edificou vila e montou mineradora. Construiu longos bicames para transportar água dos rios para movimentar moderna máquina holandesa que era capaz de gerar um potente jato de água de 5g de pressão.
Vila de cerca de trinta casas, em sua maioria de paredes de pedras e telhados de palhas, abrigou centenas de trabalhadores durante quase 7 anos. Cunhou moeda própria, mantinha açougue, farmácia e entreposto comercial. A mais moderna mineração de ouro da época. Desmontou barranco com o cuspe da potente máquina e mandou toneladas de barro rio abaixo tornando turvo o que era cristalino, o Rio das Almas. Rio sujo, ânimos alterados, trazendo à incrédula população de Meia Ponte a ira e revolta.
Culminou em guerra, 24 cavaleiros mascarados subiram a serra de madrugada e massacraram a vila e expulsaram o povo do Arena. Queimaram casas, destruíram máquinas e ferramentas e espancaram trabalhadores. Episódio épico caracterizado por arrogância, desmandos e ganância, deixando como história a sina do ouro e a índole do povo de antanho.
O local dista cerca de 6 km da cidade a NE e tem 998 metros de altitude.

Os dados históricos, como nomes e datas, foram extraídos do "Esboço Histórico de Pirenópolis" de Jarbas Jaime, tomo I.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Para discutir o Brasil de ontem e de hoje. Capítulo 6 – A Regência

O período posterior a abdicação de D. Pedro I é conhecido como Regência, porque o país foi regido por figuras políticas em nome do imperador até a maioridade antecipada deste, em 1840. A princípio os regentes eram apenas três passando a ser apenas um em 1834. Naqueles anos, esteve em jogo a unidade territorial do Brasil, a centralização e descentralização do poder, o grau de autonomia das províncias e da organização das Forças Armadas. Reformas foram feitas com o objetivo de adotar uma prática liberal que fugisse aos males do absolutismo a fim de destinar alguma flexibilidade ao sistema político e garantir as liberdades individuais, que acabaram resultando em violentos choques entre as elites e no predomínio de grupos locais, pois não havia clareza sobre o papel do Estado como organizador dos interesses gerais dominantes.

A tendência da política vencedora foi a dos liberais moderados, que se organizaram de acordo com a tradição maçônica. Foram destaques entre os liberais moderados: Bernardo Pereira de Vasconcelos, o Padre Diogo Feijó (futuro regente) e Evaristo da Veiga. Na oposição ficaram de um lado, os “exaltados”, que defendiam a federação, as liberdades individuais e a República, alguns nomes se destacaram como Cipriano Barata (da revolução pernambucana) e Borges da Fonseca; e do outro, os abolicionistas (os “caramurus”) portugueses com postos na burocracia, no Exército e no comércio, lutavam pela volta ao trono de D. Pedro I, que morreu em Portugal em 1834.

Em 1832, entrou em vigor o Código de Processo Criminal, que deu maiores poderes aos juízes de paz, que agora podiam prender e julgar pessoas acusadas de cometer pequenas infrações e instituiu o júri, para julgar a grande maioria dos crimes. Em 1834, a chamada lei do Ato Adicional fez alterações na Constituição de 1824 e determinou que o Poder Moderador não poderia ser exercido durante a Regência, além de suprimir também o Conselho de Estado. Um dos aspectos mais importantes do deste período foi a criação das Assembléias Provinciais com maiores poderes, em substituição aos Conselhos Gerais.

Atribuiu-se às Assembléias Provinciais competência para fixar as despesas municipais e das províncias e para lançar impostos necessários ao atendimento dessas despesas, permitiu às províncias a obtenção de recursos próprios, à custa do enfraquecimento do governo central e dentre suas atribuições mais importantes dadas às Assembléias foi a de nomear e demitir funcionários públicos. Desse modo, colocava-se nas mãos dos políticos regionais uma arma significativa, tanto para obter votos em troca de favores como para perseguir inimigos.

Uma lei de 1831 criou a Guarda Nacional, em substituição às antigas milícias, que consistia em organizar um corpo armado de cidadãos confiáveis, capaz de reproduzir tanto os excessos do governo centralizado como as ameaças das “classes perigosas”, além de enfrentar rebeliões fora do município e a proteger as fronteiras do país, sob o comando do Exército.

As revoltas provinciais tinham a ver com as dificuldades da vida cotidiana e as incertezas da organização política, mas cada uma delas resultou de realidades específicas de cada província. Dentre as mais importantes destacam-se:
- Guerra dos Cabanos, em Pernambuco, entre 1832 e 1835;
- A Cabanagem, no Pará, entre 1835 e 1840;
- A Sabinada, na Bahia, 1837 e 1838;
- A Balaiada, no Maranhão, entre 1838 e 1840;
- Farroupilha, no Rio Grande do Sul, entre 1836 e 1845.

Enquanto as rebeliões agitavam o país, apareciam em germe dois grandes partidos imperiais – o Conservador e o Liberal. Os conservadores reuniam os magistrados, burocratas e proprietários rurais, comerciantes e muitos portugueses especialmente no Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Os liberais agrupavam a pequena classe média urbana, padres e pequenos proprietários rurais de áreas menos tradicionais como Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Nas eleições para a regência única, realizada em abril de 1835 vencei o Padre Feijó, pouco mais de dois anos depois Feijó renunciou. Nas eleições que se seguiram, triunfou Pedro de Araújo Lima, futuro Marques de Olinda, antigo presidente da Câmara e senhor de engenho em Pernambuco. Sua vitória simbolizou o início do regresso à centralização política e ao reforço da autoridade.

Fonte: História do Brasil / Boris Fausto - 13 ed. - São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 2006

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Homenagem aos 100 anos de Adoniran Barbosa

Arguto observador das atividades humanas, sabia também que o público não se contenta apenas com o drama das pessoas desvalidas e solitárias; é necessário que se dê a este público uma dose de humor, mesmo que amargo. Compôs para esse público sambas notáveis e foi um dos primeiros a trabalhar a nova estética do samba.

Entre a tentativa de carreira nas rádios paulistas e o primeiro sucesso, Adoniran trabalhou duro, casou-se duas vezes e frequentou, como boêmio, a noite. Nas idas e vindas de sua carreira teve de vencer várias dificuldades. O trabalho nas rádios brasileiras era pouco reconhecido e financeiramente instável, muitos passaram anos nos seus corredores e tiveram um fim de vida melancólico e miserável.

O primeiro casamento não durou um ano; o segundo, a vida toda. De grande importância na vida do sambista D. Matilde sabia com quem convivia e não só prestigiou sua carreira como o incentivou a ser como era, boêmio, incerto e em constante dificuldade.

Nos últimos anos de vida, com o enfisema avançando, e a impossibilidade de sair de casa pela noite, o sambista dedicou-se a recriar alguns dos espaços mágicos que percorreu na vida. Gravou algumas músicas ainda, mas com dificuldade – a respiração e o cansaço não lhe permitem muita coisa – deu depoimentos importantes, reavaliando sua trajetória artística.

Adoniran Barbosa morreu em 1982, aos 72 anos de idade, deixando para nós um documentário imperdível produzido pela TV Cultura, programa Ensaio, que você pode assistir agora clicando abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=D8ZBxlSFnjY&feature=related

Homenagem aos 100 anos de Tancredo Neves

Dr. Tancredo Neves nasceu em São João Del Rei, Minas Gerais, em 4 de março de 1910.

Brasileiros,

Esta memorável campanha confirmou a ilimitada fé que tenho em nosso povo. Nunca, em nossa História, tivemos tanta gente nas ruas, para reclamar a recuperação dos direitos da cidadania e manifestar seu apoio a um candidato.

Em todo o País foi o mesmo entusiasmo. De Rio Branco a Natal, de Belém a Porto Alegre, as multidões se reuniram, em paz, cantando, para dizer que era preciso mudar, que a Nação, cansada do arbítrio, não admitia mais as manobras que protelassem o retorno das liberdades democráticas.

Não vamos nos dispersar. Continuemos reunidos, como nas praças públicas, com a mesma emoção, a mesma dignidade e a mesma decisão.

Se todos quisermos dizia-nos, há quase duzentos anos, Tiradentes, aquele herói enlouquecido de esperança, podemos fazer deste País uma grande Nação.

Vamos fazê-la.

Assista ao video do programa Conexão Roberto D'avila - TV Manchete.
Clique embaixo e relembre os melhores momentos da campanha presidencial que o elegeu em 1985. É para matar saudades e saudosos.
http://www.youtube.com/watch?v=wot1yz3E1hI

POR QUE CRESCE O GOVERNO?

INSTITUIÇÃO: FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - FGV
CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - CIPAD-8
MATÉRIA: FORMULAÇÃO E ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS
PROFESSOR: JORGE VIANNA MONTEIRO
AUTOR: MARCUS AURELIUS ARAGÃO VERAS – Economista e Especialista em Políticas Públicas

POR QUE CRESCE O GOVERNO?
Os crescimentos econômico e social são fenômenos que dependem da atuação dos Governos nas escolhas das políticas públicas. As escolhas políticas nem sempre são aquelas mais adequadas ao favorecimento de um crescimento adequado e sustentável da economia nacional e do bem estar social, haja vista que resultam da atuação de grupos de interesse específicos, que quase sempre não refletem o interesse da coletividade. Há de se incrementar as escolhas políticas com fundamentos pautadas pela razão técnica; viabilidade social; e o real interesse da coletividade.
Nesse contexto, o fenômeno do crescimento, em uma esfera ideal, deve se dar em razão das articulações políticas do governo com grupos de interesses econômicos e sociais interrelacionando-os com os efetivos interesses coletivos, resultando em estudos técnicos de viabilidade das questões nacionais, com o objetivo precípuo de fomentar o crescimento econômico e social de forma sustentável e saudável, levando-se sempre em conta as premissas e os macros objetivos do Estado inseridos na Carta Magna.
Uma vez escolhidas as políticas que supostamente propiciarão o crescimento nacional, faz-se necessário que se tenha em mente, sendo este de fundamental importância, o acompanhamento, tanto no que diz respeito à fase de implementação das ações, quanto nos métodos de avaliação de seus resultados. O que deve ser realizado por métodos e técnicas científicas de evolução de crescimento para a assertiva dos objetivos, com indicadores estatísticos seguros referendados por ensinamentos já consagrados, acrescentando-se a importância do “accountability” neste processo; e não, como na maioria dos casos, de forma empírica e pontual, sem qualquer base científica de avaliação de resultados que abrangem todas as fases da Política se quer implementar.
É bem verdade que o Estado Brasileiro vem ao longo de décadas evoluindo, e mesmo utilizando-se de meios mais técnicos para as escolhas de políticas públicas. Entretanto, ainda é insipiente na aplicação de mecanismos de gestão e controle, principalmente no que se refere ao acompanhamento conjunto destas políticas e aferimento de resultados.
Na apresentação de resultados de crescimento, os governos lançam mão de índices macroeconômicos, como a variação do PIB para averiguação da variação dos agregados das atividades econômicas e índices sociais, tais com tais como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mundialmente aceitos na verificação da quantidade do Produto Interno Bruto e do desenvolvimento de sua população, porém, não se preocupando com a criação de índices estatísticos derivados que poderiam medir o impacto subjetivo gerado pelas políticas públicas em seu conjunto, no sentido de correlacioná-las umas com as outras, permitindo que avaliasse os impactos laterais produzidos pelas mesmas. Na realidade costuma-se avaliar, simplesmente, a questão objetiva, tais como o número de pessoas atingidas em relação às metas estipuladas; o custo/benefício produzido, variação do PIB, dentre outras.
Em outra lógica, poder-se-ia agregar índices de resultados subjetivos de impacto no conjunto das políticas públicas (Ex: índices de felicidade, de sucesso individual do indivíduo, de autoestima da população, dentre outros), no sentido de medir o reflexo secundário (ainda não mensuráveis) gerado em determinada política pública em razão a outras políticas correlatas em implementação.
Outro fator a se considerar, tanto na escolha quanto na implementação, é que, na maioria dos casos, há coincidência do período de implementação das políticas públicas com os mandatos dos que governam e as gerem; o que, estrategicamente, faz com que acabem não representando como políticas de Estado, e sim, de Governo, corroborando e fragilizando a obtenção de políticas públicas sustentáveis. Nesse íntere, faz-se necessário uma reforma estrutural de conceitos e, quem sabe, em nível de legislações mais modernas, que assegurem uma escolha de políticas com tempo de vida superior aos mandatos. A própria Constituição Federal de 1988, traz consigo a forma de planejamento estratégico nacional, quando insere a obrigatoriedade dos Governos encaminharem o Plano Plurianual (PPA), tentando influenciar no tempo de vida das políticas públicas. No entanto, isso não é suficiente para manter uma consciência sustentável quando da inclusão de uma política governamental duradoura.
Não se trata de uma simples modificação na legislação, mas sim, de uma mudança de consciência dos governantes sazonais no trato da “res” pública, não pode ser vista como o tempo de governo, pois como diz o ditado: “os homens passam, mais as instituições ficam”. Conclui-se que o governo cresce em razão das políticas por ele implementadas, representado por aquelas que atravessam o tempo de sua gestão.