quarta-feira, 23 de março de 2011

Milho Verde - MG


Sua história remonta ao início do século XVIII, quando um pequeno arraial surge na região do Serro Frio em decorrência das atividades de mineração do ouro e do diamante. Por estar dentro do Distrito Diamantino, Milho Verde sofreu as severíssimas restrições impostas pela Coroa Portuguesa à região demarcada. As terras de Milho Verde foram incluídas na área proibida para a mineração. No local, chegou a ser instalado um quartel e um posto fiscal para o controle e a fiscalização do extravio de diamantes. Esse fato decidiu o destino do arraial: a estagnação. Assim, nunca mais o arraial se desenvolveu.


Existem algumas referências sobre o local no século XIX. O mineralogista José Vieira Couto fez o seguinte registro em 1801: “lugarejo pequeno, mal arranjado, e com muitas casas palhoças, vivendo os seus pobres habitantes de uma pequena e insignificante cultura”. O inglês John Mawe e o francês Saint-Hilaire passaram por Milho Verde em 1809 e 1817, respectivamente. Em seus apontamentos foram feitos os comentários sobre a decadência local. Saint-Hilaire escreveu que o arraial estava localizado “em uma região árida que não possibilitava nenhum gênero de plantação” e se constituía “de uma dúzia de casas e uma igreja”. Situado nas vertentes da Serra do Espinhaço, a 25km da sede do município do Serro, esse vilarejo não muito distante das cabeceiras do Rio Jequitinhonha foi elevado à categoria de distrito em nove de julho de 1868. Na década de 80, algumas pessoas cansadas das cidades grandes, em busca de uma vida alternativa, descobriram a singela e tranqüila Milho Verde.


Depois, o local foi descoberto pelos turistas, que buscavam novas paisagens e opções fora dos roteiros de turismo de massa. A partir daí, é que foi se formando uma pequena infra-estrutura para receber os novos visitantes. Hoje, Milho Verde possui um aspecto rústico e encantador, em absoluta harmonia com a natureza. A belíssima paisagem, o patrimônio histórico, as cachoeiras, a singela hospitalidade dos habitantes e a deliciosa culinária típica fazem desse vilarejo um destino muito especial.


Passar alguns dias em Milho Verde é se deixar levar por uma vida simples, sem horários e compromissos, aliás, os únicos compromissos que se pode ter em Milho Verde são: tomar banhos de cachoeiras de águas límpidas ou experimentar uma comida feita em fogão à lenha, saborear goiabadas e marmeladas, tudo muito autêntico.

Papagaio do Futuro

Montado no indicativo do papagaio do futuro, Alceu Valença atravessa a ponte entre passado e presente em três apresentações no Projeto Álbum do Sesc Belenzinho, em São Paulo, dias 17, 18 e 19 de março. Em reencontro histórico, Alceu junta-se aos velhos companheiros Zé da Flauta, Lula Côrtes, além do guitarrista Paulo Rafael, para a recriação dos melhores momentos do cultuado álbum Vivo, lançado originalmente em 1976.

Alceu revive canções que marcaram o início de sua trajetória artística, como “Papagaio do Futuro”, “Sol e Chuva”, “O Casamento da Raposa com o Rouxinol” e “Vou Danado pra Catende”. Esta última remete ao Festival Abertura, da TV Globo, em 1975, que projetou o nome de Alceu Valença em todo o Brasil. A avassaladora mistura de rock underground com ritmos nordestinos obrigou os juízes a criar a categoria “Pesquisa” para contemplar aquela inusitada trupe, que parecia saída de algum lugar entre Woodstock e o Beco do Barato, outrora ponto de encontro da contracultura recifense. A antológica apresentação pode ser conferida no:

Logo em seguida, Alceu reuniu o grupo para apresentações no Recife, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Com uma mídia absolutamente alternativa (a trupe divulgava o espetáculo fazendo soar seus instrumentos pelas ruas), o show se tornou um grande sucesso e virou disco, gravado no Teatro Tereza Raquel, no Rio, com produção de Guto Graça Melo para a Som Livre. Lançado pouco antes do estouro nacional de Alceu – a partir de 1980, com o disco “Coração Bobo”, que elevou o artista à categoria dos que ultrapassaram a marca de um milhão de cópias vendidas – “Vivo” tornou-se um marco da música brasileira moderna, influenciando gerações num culto intemporal e independente das imposições do mercado.

Além de “Vou Danado pra Catende” e das músicas de “Vivo” com participação de Zé na flauta e Lula no tricórdio, Alceu apresenta sucessos de sua carreira - “Anunciação”, “Tropicana”, “Pelas Ruas Que Andei”, “Como Dois Animais”, “Táxi Lunar”, “Bobo da Corte”, “Embolada do Tempo”, entre outras - ao lado da banda formada por Paulo Rafael (guitarra), Mauricio Oliveira (baixo), Tovinho (teclados), Cássio Cunha (bateria) e Edwin (percussão). É fumaça de gasolina. Quem sabe, sabe, quem não sabe sobra.

ALCEU VALENÇA
Dias 17,18 E 19/03, Quinta, sexta e sábado, às 21h30.
Ingressos: R$ 32 / R$ 16 / R$ 8

SESC BELENZINHO
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000 Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700

O Reino de Ariano Suassuna


Filho de João Suassuna e de Rita de Cássia Villar, Ariano estava com um pouco mais de três anos quando seu pai, que havia governado o Estado no período de 1924 a 1928, foi assassinado no Rio de Janeiro, em conseqüência da luta política às vésperas da Revolução de 1930.

No mesmo ano, sua mãe se transferiu com os nove filhos para Taperoá, onde Ariano Suassuna fez os estudos primários. No sertão paraibano Ariano se familiarizou com os temas e as formas de expressão que mais tarde vieram a povoar a sua obra.

Em 1946 Ariano iniciou a Faculdade de Direito e se ligou ao grupo de jovens escritores e artistas que tinha à frente Hermilo Borba Filho, com o qual fundou o Teatro do Estudante Pernambucano. No ano seguinte, Ariano escreveu sua primeira peça, "Uma Mulher Vestida de Sol", e com ela ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno.

Após formar-se na Faculdade de Direito, em 1950, passou a dedicar-se também à advocacia. Mudou-se de novo para Taperoá, onde escreveu e montou a peça "Torturas de um Coração", em 1951. No ano seguinte, voltou a morar em Recife. O Auto da Compadecida (1955), encenado em 1957 pelo Teatro Adolescente do Recife, conquistou a medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais. A peça o projetou não só no país como foi traduzida e representada em nove idiomas, além de ser adaptada com enorme sucesso para o cinema.

No dia 19 de janeiro de 1957, Ariano se casou com Zélia de Andrade Lima, com a qual teve seis filhos. Foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura, do qual fez parte de 1967 a 1973 e do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco, no período de 1968 a 1972.

Em 1969 foi nomeado Diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, ficando no cargo até 1974.

Ariano estava sempre interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão populares tradicionais e, no dia 18 de outubro de 1970, lançou o Movimento Armorial, com o concerto "Três Séculos de Música Nordestina: do Barroco ao Armorial", na Igreja de São Pedro dos Clérigos e uma exposição de gravura, pintura e escultura.

O escritor também foi Secretário de Educação e Cultura do Recife de 1975 a 1978. Doutorou-se em História pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1976 e foi professor da UFPE por mais de 30 anos, onde ensinou Estética e Teoria do Teatro, Literatura Brasileira e História da Cultura Brasileira.


Poema que abre
O ROMANCE D´A PEDRA DO REINO
E O PRINCÍPE DO SANGUE DO VAI-E-VOLTA,
de Ariano Suassuana:

Ave Musa incandescente do deserto do Sertão!
Forje, no Sol do meu Sangue, o Trono do meu clarão:
cante as Pedras encantadas e a Catedral Soterrada,
Castelo deste meu Chão!

Nobres Damas e Senhores ouçam meu Canto espantoso:
a doida Desaventura de Sinésio, O Alumioso,
o Cetro e sua centelha na Bandeira aurivermelha
do meu Sonho perigoso!