sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Ao legendário Cine Ritz

Numa quarta-feira de 2009 a polícia e o judiciário baixaram as portas do legendário Cine Ritz de Brasília que vinha funcionando há umas três décadas nas entranhas do CONIC. Foi lá que o livro: Prostitutas, bruxas, donas de casa foi lançado pela primeira vez, em 1990. Um barril de chope livre no balcão, uma fila imensa de senhores e de madames no portal de entrada, música, strip-tease e sexo ao vivo no palco. Foi um verdadeiro show. Aqueles que participaram dizem que aquela noite foi a noite mor de suas vidas...

Parece que no Brasil há uma maldição rondando o Cine Ritz. Não faz muito fecharam as portas do que ficava no calçadão da Rua XV em Curitiba. O mesmo destino teve o que funcionava na Avenida São João e o que ficava entre a Ipiranga e a Dom José de Barros, em São Paulo. Muitos pelo país a fora tiveram a mesma sina, e a todos se acusou de serem antros de marginais, de putas, bandidos, desempregados, viciados, pederastas, voyeristas, cheiradores de pó, ateus, apátridas, loucos, delinqüentes, em uma palavra: seres de hábitos crepusculares.

Puro moralismo! Uns, simplesmente viraram esqueletos abandonados, outros se transformaram em igrejas, templos, shoppings, confeitarias etc. Sabe-se que o nome vem do francês César Ritz, dono do famoso Hotel Ritz da Place Vendôme, número 15, em Paris, construído ainda no século XVIII.

É verdadeiramente uma pena que esses locais folclóricos e esses antros bestiais desapareçam de um dia para outro, pela simples ideologia ou pela simples culpabilidade de um ou dois brutamontes. Enfim, parafraseando F. Wheen, o ritual sistemático de acasalamento entre a Justiça, a Igreja e os Falsos Moralistas serviu sempre para confirmar o velho e conhecido provérbio: post coitum omne animal triste est.

Texto: Belluno

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